Semântica (Nota obtida: 8,5)
Universidade
Federal do Ceará
Instituto Universidade Virtual- UFC Virtual
Universidade Aberta do Brasil
AP de Semântica 2018
ALUNO:
Thaís
Sant Ana Sousa Polo: Flávio Marcílio
Caucaia
Tutora
à Distância: Katyane Rocha
1.
Analise o trecho abaixo da música “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil,
escrita em 1973, ainda durante o regime militar brasileiro, e faça uma relação
com o estudo de Bréal e a relação de sentidos existentes numa palavra do ponto
de vista sincrônico. Podemos dizer que encontramos metáforas ou outro(s)
fenômeno(s) estudado(s) pelo linguista? Explique com base no trecho. (3 pontos)
“Pai, afasta de
mim esse cálice
De vinho tinto de
sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor,
engolir a labuta
Mesmo calada a
boca, resta o peito
Silêncio na cidade
não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser
filho da outra
Outra realidade
menos morta
Tanta mentira,
tanta força bruta”
O trecho é composto por
metáforas e duplos sentidos, pois em seu conteúdo representa uma denúncia e
crítica social no período da ditadura. Seus
versos contavam o drama da tortura no Brasil. O título da canção Cálice, contém uma
ambiguidade e semelhança sonora principalmente ao imperativo “cala-se”, pois a
canção mostrava jogo de palavras que faziam alusões a agonia e sofrimento que
as pessoas passavam na época. O verso “ De vinho tinto de sangue” é uma
metáfora ao sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas. Como beber
dessa bebida amarga refere-se à dificuldade de aceitar uma realidade dura e
difícil vivida na época.
2.
Compare a teoria extensionalista do significado com a proposta saussuriana de
signo linguístico. As duas teorias apresentam pontos de convergência ou
divergência? Quais? (1 ponto)
Para
Saussure “o signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito
e uma imagem acústica” (1977, p. 80). Com essa afirmação, ele queria dizer que é
a união do conceito (significado) com a imagem acústica (significante). Não há,
portanto, significado sem significante. Os dois elementos constituem o signo
sendo interdependentes e inseparáveis, pois sem significante não há significado
e sem significado não existe significante. Na teoria extensionalista o símbolo
equivale aproximadamente ao significante saussureano. Mantém com a referência
ou significado, na terminologia de Saussure, uma relação direta. Por sua vez,
entre o símbolo e o referente (ou coisa, na nomenclatura de Saussure)
estabelece-se uma relação indireta. Diz-se então que há, entre um e outro, uma
conexão arbitrária ou, mais propriamente, imotivada. Dessa forma, as duas
teorias apresentam aproximadamente pontos de convergência.
3.
A sinonímia é um fenômeno semântico complexo. Demonstre isto com o seguinte par
de palavras: possuir e ter. (1 ponto)
Um termo é mais restrito
que outro. Ter pode ser usado em qualquer caso, enquanto possuir é mais
restrito, tornando uma palavra mais pesada. Em termos gerais, possuir indica
uma posse mais permanente ou envolvendo coisas de valor. "Possui muitas
cabeças de gado": posses, poder. "Possui muitos defeitos ":
propriedades, caraterísticas permanentes. "Guaramiranga possui muitas
árvores", "as frutas possuem vitaminas": conter dentro de si.
"Possuído de uma raiva": tomado com força. "Possuir uma
pessoa": ter relação carnal. Possuir é aparentado com posse. Ter tornar-se
uma palavra que pode ser usada como algo passageiro. Ex: Eu tenho 27 anos.
4.
Marque V (verdadeiro) ou F (falso): (2 pontos)
a) ( V )
nos pares competente/incompetente e morto/vivo há, respectivamente, uma
relação de antonímia complementar, morficamente marcada e uma relação de
antonímia propriamente dita ou gradual.
b) ( V ) a antonímia, ao contrário da sinonímia, se
restringe ao âmbito da palavra, ou seja, da relação entre lexemas.
c) ( V ) no
exemplo “Juntando
todas as peças, todas mesmo, só resta um carro: vectra next Edition”,
temos uma relação semântica de inclusão,
cuja direção vai do hipônimo ao hiperônimo.
d) ( V )
Na teoria dos campos semânticos de Pottier, sema
é definido como uma unidade mínima de conteúdo, enquanto o virtuema é
definido como um conjunto de semas.
5. Comente a polissemia e a homonímia, tomando
como base o seguinte enunciado: “É melhor pensar em uma tensão entre polissemia
e homonímia, em que não sabemos ao certo onde começa ou termina cada um dos
fenômenos”. (2 pontos)
A polissemia é tratada
como um fenômeno mais amplo do que a homonímia. Se tratando da polissemia ela
pode causar ambiguidade e um impacto em uma interpretação. Isso explica a frase
“ não sabemos ao certo onde começa ou termina cada um dos fenômenos”. De igual
forma, quando uma palavra é polissêmica, ela pode induzir uma pessoa a fazer
mais do que uma interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
importante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
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