1º Portfólio de Literatura Portuguesa I

Nota obtida: 8,5

Comentário da professora: OLá Thais, parabéns pela realização da atividade. Faço uma observação referente à quantidade de textos analisados. Foi super positivo você ter citado três canções, contudo, não houve espaço para aprofundamento. Se tivesse focado em uma teria realizado o que a atividade exigia, tratando dos aspectos formais e conteudísticos com maior propriedade.

Atividade de portfólio

As cantigas trovadorescas inspiraram escritores portugueses e brasileiros de diferentes épocas. Faça um comentário sobre semelhanças formais e/ou conteudísticas entre a lírica trovadoresca e a música popular brasileira na atualidade. Nas características formais, incluem-se as convenções poéticas, como rima, métrica, refrão e paralelismo. Dentre as características conteudísticas, incluem-se os temas e a figuratividade (coita amorosa, vassalagem amorosa, voz poética masculina/feminina, crítica social). Seu texto deve ter entre uma e duas laudas (páginas). A letra de música ficará em anexo.

Qualquer que seja a produção artística e cultural presentes atualmente, tiveram como alguma referência os mais antigos textos e manifestos verbais ou escritos, e podemos encontrar essas alusões em paródias, um texto fragmentado, uma intertextualidade, uma canção, entre outros gêneros existentes, mesmo sendo produzidos em épocas diferentes.

O Trovadorismo surgiu por meio de cantigas que eram poesias feitas e cantadas ao som de instrumentos musicais como a flauta, a viola e outros. Como não havia registros escritos desses poemas, era comum para sua memorização o acompanhamento musical e a repetição de versos e rimas, por esse motivo, o que conhecemos e sabemos sobre essa escola literária são as transmissões orais de geração para geração, já que uma boa parte da população não tinha acesso aos estudos e eram analfabetas. Para os leitores de hoje, é necessário entender o contexto histórico e cultural de determinadas cantigas da época trovadoresca para facilitar no processo de compreensão da mesma, além de conseguir detectar sentimentos e emoções daquele período e contextualizar e realizar comparações com algumas letras de músicas contemporâneas.

Tomando como exemplos o gênero satírico das cantigas como as de escárnio (referência à pessoa satirizada são indiretas) e maldizer (o ataque é explícito com o uso até de linguagem obscena), que eles usavam para ridicularizar a sociedade da época, vimos que esse tema ainda gera nos dias atuais letras de músicas que expõem os problemas do nosso país, como também falam e expõe as mulheres a frases de duplo sentidos, contam casos amorosos, entre tantos outros motivos que se possa satirizar uma situação.

Usaremos como exemplo a cantiga de João Garcia de Guilhade, que satirizavam o amor cortês, que parodiavam as questões de culto à mulher e retratava na poesia a queixa de uma mulher que nunca mereceu de um trovador um cantar de amor:

Ai, dona fea, fostes-vos queixar

Que vos nunca louv’ en(o) meu cantar;

Mais ora quero fazer un cantar

Em que vos loarei toda via;

E vedes vos quero loar;

Dona fea, velha e sandia! (...)

(GUILHADE, João Garcia de. Cantiga de Mal Dizer. In: CORREIA, 1978, p. 136)

A indireta: “Ai dona fea! foste-vos queixar” se atribui a ironia e do equívoco: “mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via;”, nesse escárnio, o autor promete falar em sua poesia de uma mulher que reclamou dele por nunca tê-la citado ou elogiado numa de suas cantigas. Mas, visivelmente irritado com isso, ele a chama de feia, velha e louca.

Realizando a leitura comparativa, a canção “Mulher de fases” dos Raimundos demonstra as neuroses de uma mulher que está permanentemente em conflitos psíquicos que a impedem de aproveitar a existência de forma prazerosa, sendo também um tanto quanto contraditória e muitas vezes louca que faz com que o homem a compare com as fases da lua. Na canção “As bonitas que me perdoem, mas a feiura é de lascar” do cantor Falcão, retrata uma linguagem de baixo calão e obscena, que satiriza o quanto desprezível é, ser uma pessoa feia, mostrando as adversidades e um tanto de situações que a pessoa enfrenta. O cantor e compositor Gabriel O pensador, também apresenta em sua canção “Rap do feio” a situação de dois irmãos gêmeos, um feio e outro bonito que em uma das passagens da canção o irmão feio diz: "A beleza é passageira, mas feiura é um bem que a gente tem pra vida inteira".