3° Portfólio de Literatura Portuguesa I
Nota obtida: 8,5
Comentário da professora: Thais, o seu texto está muito bom, mas senti falta de uma confrontação dos textos ao longo da análise.
Escreva um texto comparativo entre um
soneto de Camões e um de Vinicius de Moraes. Procure apontar semelhanças e/ou
diferenças tanto em relação às convenções poéticas do soneto como ao tema do
amor e à voz poética. Seu texto deve ter entre uma e duas laudas.
Sabemos que em nosso país as produções
literárias com a identidade e forma brasileira surgiram no período do
Romantismo e as escolas literárias anteriores ainda influenciaram muitos
artistas brasileiros de diferentes épocas, como é o caso de Camões (Classicismo
Portugal) para Vinícius de Moraes (Modernismo brasileiro). Essa aproximação é
perceptível nos versos decassílabos, nas figuras de linguagem como o paradoxo,
que é uma espécie de antítese condensada, usado para realçar os efeitos contraditórios
provocados pelo amor nos seres humanos, as anáforas e os esquemas rimáticos
(ABBA).
Enquanto Camões fazia referência de
maneira indireta aos mitos gregos, Vinicius de Moraes em suas primeiras poesias
apresentava tendências religiosas, com textos longos, de acentos bíblicos, porém
logo essa característica foi se perdendo e dando forma a poesias em favor de sua
tendência natural, quando teve início uma poesia intimista, pessoal, voltada
para o amor físico, com uma linguagem ao mesmo tempo realista, coloquial e
lírica, sendo possível ver a diferença dessa poesia natural para o uso das personificações,
metonímias e hipérboles utilizada por Camões e não vista nas poesias de
Vinicius.
Na
leitura dos poemas a seguir percebemos que ambos falam sobre o amor, Camões
trata do Amor como um fato universal, que pode atingir qualquer pessoa em
qualquer época. Por isso, escreveu Amor com A maiúsculo, individualizando-o
como se tratasse de uma entidade, usa a antítese para desenvolver as suas preposições, já
Vinicius trata do amor, tendo o rio como sua principal metáfora. Faz
referências ao amor como que lembra o surgimento de algo numa curva, que pode
ser a curva de um rio, um amor tão amplo que não
pode ser visto em sua totalidade. Quanto a estrutura do poema os sonetos
apresentam uma forma fixa de poesia que consiste em quatro
versos: os dois primeiros com quatro estrofes (quartetos) e os
últimos com três estrofes (tercetos). A estrutura costuma ser a mesma.
Começa com a apresentação de um tema, que passa a ser desenvolvido, e,
geralmente no último verso, contém uma conclusão que esclarece o tema, no
qual percebemos pelos conectivos: Mas, E que no começo das
últimas estrofes.
Como podemos resistir aos
efeitos do amor? Ambos poetas procuraram refletir essa indagação, levando em
conta o quanto esse sentimento nos invade, a perturbação causada e as sensações
contraditórias que nos levam a não raciocinarmos direito. Esses
autores usam do pensamento lógico para expor um sentimento humano muito
profundo e complexo, o amor.
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
Soneto
do amor como um rio
Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu inesperado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo ...
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu inesperado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo ...
Referências:
BREVE
COMPARAÇÃO ENTRE OS SONETOS DE CAMÕES E VINÍCIUS DE MORAES. Disponível em: <
https://www.webartigos.com/artigos/breve-comparacao-entre-os-sonetos-de-camoes-e-vinicius-de-moraes/99664/>. Acesso em: 09/10/2018.
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