Língua Portuguesa - Texto e Discurso

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Questão 1

Com base no que foi estudado na Aula 1, explique como os tipos de conhecimento compartilhado auxiliam o leitor na construção da coerência da charge abaixo, tendo em vista o contexto social ,  vivenciado no Brasil, em 2016 :

O leitor, primeiramente tem que conhecer a função da charge que faz parte de um material de opinião do autor. O leitor precisa ter um conhecimento prévio do assunto abordado e conhecer as circunstâncias, as personagens e os fatos retratados. Nessa exemplificação, podemos encontrar o conhecimento interacional e enciclopédico. No conhecimento linguístico consideramos a ambiguidade e a ironia provocada na interação entre motorista e guarda.  


Questão 2

Os textos I e II, abaixo, apresentam, cada um, uma sequência dominante diferente. Identifique-as e explique por que cada tipo de sequência selecionado é importante para um dos gêneros. 

Texto I

Se a galinha tem asas, porque é que não consegue voar?
Na verdade, a galinha voa, mas os seus voos são rasantes e curtos, atingindo cerca de 10 metros. Durante a evolução da espécie, a galinha foi domesticada e perdeu a necessidade de voar para fugir de predadores; ficar no solo era seguro para essa ave. Assim, ela também não tem muito desenvolvidos os ossos pneumáticos, os sacos aéreos e a musculatura peitoral e das asas, que auxiliam nos voos das aves migratórias, por exemplo.

Disponível em: http://www.netmarkt.com.br/aprendendo/apre150.html


Texto II

Poesia virou mito em nossas salas de aula. De modo geral, observamos resistências na escola em ler, interpretar, criar e recriar poemas. Poesia nos remete ao passado,escola em ler, interpretar, criar e recriar poemas. Poesia nos remete ao passado, coisa de nossos avós que declamavam para as visitas ou recitavam versos nas aulas de língua portuguesa.
A poesia reclama seu espaço e sua vez nesse planeta conturbado. Várias são as iniciativas de professores que recuperaram o prazer da leitura poética, a degustação de palavras combinadas, viagem na fantasia das imagens, o fôlego da mesmice. Relatos publicados em sites e revistas de educação e os programas de cursos para professores provam que é possível romper o preconceito que é difícil trabalhar com poesia.[...]

Mirian Mermelstein 

Disponível em: http://sillovinho.blogspot.com/2011/03/subsidios-para-trabalhar-com-poesia-em.html.

Texto I- sequência explicativa, pois procurar esclarecer e dar informações sobre alguma coisa. Seu objetivo é fazer com que o leitor adquira um saber e um conhecimento que até então não tinha. É importante destacar que essa sequência não faz defesa de uma ideia, ao contrário do Texto II que faz defesa de um ponto de vista, no qual questiona o motivo da poesia ter virado mito nas salas de aulas e a autora argumenta os prós e contras, tornando assim uma sequência argumentativa. 


Questão 3

É possível afirmar que a conversa abaixo apresenta centração e organicidade, que são as duas características principais de um texto com único tópico central? Justifique sua resposta e comprove com passagens do texto.

Bruna: Você tá dando aula em quantas escolas?
Erika: Em duas... E você?
Bruna : Tô em uma só, e estou quase maluca!Como você consegue atuar em duas? 
Erika: É... Nem eu sei! 
Bruna: Lá é tranquilo? 
Erika: Hum! Que nada! Mas com o tempo a gente pega ritmo de trabalho!

Disponível em: http://jessiquitasantos.blogspot.com.br/

O tópico central seria o trabalho, pois percebemos que as interlocutoras se conhecem e sabem que trabalham em uma escola, como podemos ver já no início da conversa ( Bruna: Você tá dando aula em quantas escolas?). Então, concluímos que apresenta uma centração, pois existem as unidades de sentido do texto e a organicidade por se apresentarem em subtópicos, havendo assim uma relação de interdependência. 


Questão 4

Retire do texto a seguir , expressões referenciais que exemplifiquem processos anafóricos e explique como eles funcionam dentro do texto. 

A última crônica 

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. 

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. 

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. 

O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim. 

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso. 

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.


Fernando Sabino

A estratégia anafórica diz respeito à continuidade referencia. No texto foi grifado um casal de pretos e como anáforas diretas e indiretas relaciono e apresento:
UM CASAL DE PRETOS: ( o pai, a mãe, o pedido do homem, atendê-lo, a mulher, do freguês, e enquanto ela, a que os pais, guardá-las, ele).
UMA NEGUINHA: (a negrinha, a filha, a menininha).
Para se referir a família ele usa (três seres esquivos).

Questão 5


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