1º Portfólio de Literatura Africana (Nota obtida 10)
Escolha um dos contos analisados
nesta aula (TEXTO 3 OU 4) e desenvolva uma interpretação a partir dos conceitos
literários desenvolvidos nos artigos teóricos (5 e 6) (Mínimo: 30 linhas).
O
conto em análise, ambientado no espaço escolar, e tendo a língua portuguesa
como mecanismos principal para a construção e sustentação do poder, nos
apresenta de forma bem clara a omissão do colonizador frente ao colonizado. A sala de aula, por si, já apresenta uma vasta diferença social,
econômica e cultural dispostas entre os protagonistas desses espaços – alunos,
dando destaque para Gigi e Matoso - e
uma professora que acredita ter o mesmo saber de seus colonizadores, impondo
uma postura autoritária e extremamente discriminatória reproduzindo a dominação
imposta pelos portugueses na educação formal de Angola.
Por apresentar essa ideologia
dominante, não sente nenhum remorso contra os conquistadores, sentindo a necessidade e um desejo de
pertencimento a esse grupo incorporando-a, pois acredita que dessa forma
parecendo com o seu dominador terá certa ascendência, rejeitando e negando os
valores, costumes e principalmente sua cor para ter tal “semelhança”. No texto
temos algumas passagens que comprovam esse processo como: “renovava
o pó de arroz nas faces sempre que tivesse um momento livre” (p.40), assim
também como revela que essas ideias só foram internalizadas por conta que estudou na metrópole - quem ia para a metrópole estudar, na sua maioria, eram os
assimilados ou filhos de assimilados - atravessando o continente para
enfim chegar em seu lugar de origem mantendo um status de poderosa e influente
por incorporar a cultura estrangeira e sendo hostil com seu povo.
Aqui
percebemos a inversão de valores, pois acreditava-se que deveria sentir repulsa
por esses dominadores, porém o próprio homem africano além de ter como inimigos os
próprios exploradores ainda se depara com os seus semelhantes rejeitando essa
identidade, e espelhando-se na imagem de seus colonizadores. Ao decorrer dos
anos eles tiveram que enfrentar toda sua história e costumes sendo renegados, a
imposição da língua portuguesa sobre a sua língua materna quimbundu,
prejudicando assim a comunicação dentro da sociedade e sendo vítimas de
diversas humilhações e perversidade.
Contudo
esse processo de assimilação, tornou-se uma aliada para o povo africano, ajudando na adaptação desses costumes impostos
a enfrentar seus opositores, pois entenderam que internalizando esses modos,
hábitos e a língua, seriam capazes de objetivar uma batalha de igualdade em
relação aos seus iguais, armando-se para enfrentar seus opressores.
O conto e o artigo se entrelaçam por mostrarem
uma professora renegando sua origem tendo predileção por alunos brancos,
colocando-os sempre nas primeiras filas, enquanto despreza dois outros que para
ela só serão condizentes com sua ideologia se vestirem a máscara branca que até
então ainda não se fazia presente nessas crianças, mostrando uma pedagogia
opressora, proibindo até mesmo a língua materna ser expressa na escola,
seguindo preceitos de um autoritarismo exacerbado. Se essa professora tem
atitudes de uma mestiça bem-sucedida por ter se adaptado a esses padrões
culturais renegando e envergonhando-se da história de seu povo, exagerando em
suas atitudes com Matoso e Gigi acaba por criar o que a autora do artigo fala
de um “triângulo de desejos traçado no espaço escolar”:
Para
esses alunos que são prejudicados pela professora, seu ingresso no ambiente
escolar representa simplesmente a inserção da pedagogia do medo e da repressão
por terem que abdicar de algumas liberdades nativas. O prazer e liberdade são
renunciados para poderem estar naquele ambiente sendo cada vez mais massacrados
e oprimidos pela instituição escolar “a instituição escolar
inibe, poda e
anula os que não se enquadram nos padrões socioculturais ditados pelo poder”.
Esse sistema de punição visto no ambiente escolar, embora um espaço reduzido, é
uma amostra do que a população angolana assim como outras culturas sofreram com
as imposições dos portugueses. Essa narrativa e as exemplificações apresentadas
no artigo só elucidam os distanciamentos das funções realmente escolares, que
seriam de cumprir o papel de ser um ambiente transformador e motivador, para
atitudes similares de polícia cuja a função seria a de manter a ordem nessa sociedade
tão massacrada e sofrida.
Referências:
CAMPOS,
M.C.S. A Pedagogia do Silêncio: da Violência do Opressor à Resistencia do
Oprimido. Disponível em: < https://www.ueangola.com/criticas-e-ensaios/item/145-a-pedagogia-do-sil%C3%AAncio-da-viol%C3%AAncia-do-opressor-%C3%A1-resistencia-do-oprimido>. Acesso em:26/05/2020.
SANTOS, Arnaldo. A menina Vitória. Disponível em: < ambiente solar>
Acesso em:26/05/2020.
Acesso em:26/05/2020.
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